“Como uma cidade como essa pode estar em segundo lugar no Estado em número de mortes de pessoas infectadas com o vírus HIV, perdendo apenas para Santos e à frente de São Paulo?”, questionou o vereador João Farias (PRB) durante o pequeno expediente da 119ª Sessão Ordinária realizada na terça-feira (11). Para responder essa e outras perguntas relacionadas ao atendimento aos portadores do vírus HIV, o parlamentar protocolou nesta semana requerimento solicitando uma audiência pública para o dia 31 de agosto.
A iniciativa foi motivada pela participação de Alberto Carlos de Souza, representante do Núcleo de Araraquara da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids na Tribuna Popular da sessão do dia 28 de julho. Souza apresentou supostas falhas no atendimento a pacientes de Aids em unidades de Saúde de Araraquara.
Para debater os problemas enfrentados pelos portadores do vírus HIV em Araraquara, Farias convocou representantes da Secretaria Municipal da Saúde, Diretoria Regional da Saúde, Sesa, Santa Casa, Hospital de Américo e entidades como a RNP+Sol e o Gaspa.
“Esperei 15 dias para ver se Comissão de Saúde tomava uma atitude, haja vista que o que foi apresentado é extremamente grave. Como o silêncio imperou, tomei a iniciativa de chamar a audiência”, completou Farias. A Comissão de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social é formada pelos parlamentares Dr. Helder (PPS), Jéferson Yashuda (PSDB) e Adilson Vital (PV).
Farias lembrou ainda que Araraquara figura em 4º lugar no ranking das cidades paulistas com maior número de infectados. “Conseguimos ganhar, com apenas 225 mil moradores, de cidades do grande ABC, Campinas, Bauru, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto”, indignou-se. Para ele, esses dados indicam falhas no que diz respeito a campanhas de prevenção, sobretudo para os jovens na faixa etária entre 15 a 25 anos, e a políticas públicas na área. “É evidente que o poder local tem de dar uma satisfação sobre esse problema. Que ações estão sendo feitas para o município estar nessa situação? Isso envergonha uma cidade que se orgulha de sua qualidade de vida. É inadmissível Araraquara estar nessa posição, pois hoje existe tratamento para que a pessoa não morra de Aids. Por isso peço a esta casa para que se mobilize para a audiência”, concluiu Farias.
Questão foi levantada na última sessão de julho
Com a exposição de fotos do drama de uma mulher de 24 anos, mãe de quatro filhos, que é moradora do Jardim das Hortênsias e ficou internada mais de uma semana na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) aguardando uma vaga em hospital, o representante do Núcleo de Araraquara da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, Alberto Carlos de Souza, ocupou a Tribuna Popular durante a sessão ordinária da Câmara no dia 28 de julho para fazer um alerta sobre o tema.
“Essa pessoa ficou abandonada. Somente depois de muitas tentativas e inúmeros e-mails a paciente conseguiu a vaga, mas precisou aguardar também porque a cidade não tinha ambulância. Não importa como essa pessoa chegou nesse estado, para mim o que importa é que se chegar na UPA ou qualquer outro lugar ela precisa ser atendida”, disse Souza.
Ele denunciou o caso ao Ministério Público destacando que do dia 17 ao dia 20 de julho foram registrados três óbitos na UPA. Souza questionou ainda a regulação de vagas hospitalares criadas pelo Governo do Estado por meio da Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde.
O representante do Núcleo de Araraquara da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids pediu também uma participação mais ativa dos vereadores no envolvimento da causa e os convidou para debater o assunto no Conselho Municipal de Saúde.
Publicado em: 12/08/2015 17:08:15