A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal deu sequência na quinta-feira (21) aos depoimentos de empresários que receberam doações de áreas do município. A empresária Elizandra Aparecida Corrêa, que trabalha com terraplanagem e recebeu da Prefeitura permissão de uso, em julho de 2010, de uma área de 8.711 m², no Jardim Santa Tereza, disse ter feito a terraplanagem em quatro outras áreas como contrapartida, uma medida que chamou a atenção dos vereadores.
A empresária contou que no passado houve a necessidade de ampliar a empresa e como seu avô, já falecido, tinha amizade com o ex-vereador Ronaldo Napeloso, a família o procurou para intermediar o pedido de concessão. Foram várias reuniões até ela obter a terra. Hoje, são 15 empregos diretos e outros 12 indiretos. À CEI, Elizandra negou ter sido sondada a pagar qualquer tipo de propina, mas disse que, antes mesmo de receber a doação da área, a empresa dela fez o serviço de limpeza geral e terraplanagem da área de quatro áreas contíguas, incluindo a que depois viria a ser concedia à empresa de terraplanagem. A limpeza, inclusive, foi definida em reuniões na Prefeitura como contrapartida. A empresa de terraplanagem chegou a fazer um serviço de curva de nível no sítio do ex-vereador Ronaldo Napeloso, mas, segundo a empresária, o trabalho foi pago pelo ex-parlamentar, sem qualquer tipo de favorecimento pela ajuda dada por ele no passado. Na área doada já foram investidos cerca de R$ 80 mil. Segundo a empresária, do total da área doada, 40% corresponde a uma área de mata preservada. Ela estava com o advogado Tiago Romano. Quem também deu seu depoimento à CEI foi o empresário Ademilson Macchioni, sócio da MacFrutas. Ele recebeu, em 2011, a doação de duas áreas, uma medindo 2.320 metros quadrados e outra com 2.052 metros quadrados. O pedido dele foi semelhante a de outros empresários, ou seja, pediu a área para expandir os negócios. Ele tentou agilizar o processo na Prefeitura, mas devido a demora também pediu apoio de Napeloso e do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, José Roberto Cardoso. O empresário disse que a partir de 2011 tinha três anos para concluir todo o projeto. A empresa começa a operar até março com uma nova linha de embalagens. O quadro de funcionários deve passar de 60 para 70 e o investimento é de R$ 700 mil. Para Macchioni, o trâmite seguido por ele foi normal, portanto, não sabe precisar se o apoio dado pelo ex-parlamentar o ajudou a pular alguma etapa. Até porque, nunca foi lhe pedido nada em troca.
Rumores
Mais duas pessoas prestaram depoimento à CEI. Mário Henrique Destéfano, da Gráfica São Judas Tadeu, não foi sondado por nenhum agente político pedindo algum tipo de propina, mas admitiu ter ouvido rumores que precisaria negociar valores fora do trâmite. “Falaram que eu teria que arrumar um vereador e soltar um troquinho”, diz ele que recebeu em 2011 uma área de 2,9 mil metros quadrados no Jardim Rafaela. Questionado pela CEI, o empresário disse ter tentado descobrir quem pagou por isso, mas não chegou a nenhum nome. Além disso, o empresário negou ter qualquer vínculo com o ex-vereador Ronaldo Napeloso e contou ter recebido a doação da área obedecendo as normas da Prefeitura. O mesmo procedimento foi feito pelo também empresário Delvio Ocimar Costa, da Costa Sol. Em 2005, ele fez o pedido de uma área de quase 2,6 mil metros quadrados liberada em 2008. Na época, ele pediu a ajuda de Napeloso, um amigo de infância. “Ele não me pediu nada em troca”, conta o empresário que já investiu cerca de R$ 300 mil na área.
Além de Donizete Simioni (PT), que é o presidente, a CEI é relatada pelo também vereador Aluísio Braz, o Boi (PMDB), e tem como membros Edna Martins (PV), Geicy Sabonete (PSDB) e Dr. Helder (PPS).
Publicado em: 22/11/2013 12:03:47