A vereadora Edna Martins (PV) se reuniu na tarde de segunda-feira (28) com o Professor Doutor do Instituto de Química da Unesp, Elson Longo, diretor do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDFM), um dos centros de excelência financiados pela Fapesp com foco na pesquisa e desenvolvimento de materiais funcionais nanoestruturados e que também visa estimular a geração de novas empresas de base tecnológica.
A parlamentar, que vem atuando para a criação de um parque tecnológico em Araraquara, obteve informações sobre a possibilidade de implantação de uma fábrica de chip no município, depois de ter lido entrevista concedida à revista Pesquisa Fapesp pelo cientista brasileiro radicado nos Estados Unidos, Carlos Paz Araújo, na qual ele fala sobre a mais nova geração de chips feitos com base em memórias ferroelétricas, cuja linha de pesquisa é também desenvolvida pelo centro de pesquisa dirigido pelo professor Longo no IQ/Unesp de Araraquara.
Na entrevista, Araújo afirma que não é possível o Brasil não ter indústria de semicondutores, principalmente pelo tamanho da economia. “O chip é o petróleo da eletrônica. O mundo é dividido em países que têm independência do chip e os que não têm”, afirma.
Longo explicou a Edna que a tecnologia da memória ferroelétrica desenvolvida por Araújo já substituiu os chips magnéticos no Japão e na China. Essa tecnologia foi licenciada pela Panasonic, no Japão, onde é utilizada em cartões de metrô, trens e nas carteiras de habilitação. A memória ferroelétrica tem diversas aplicações, podendo ser utilizada também, por exemplo, como componente da fabricação de carros e em supermercados. “Nos supermercados, a utilização da memória ferroelétrica no lugar de código de barras permitirá um controle integrado dos produtos. Informações como data de validade do produto, nome do fabricante, preço, estoque e quantidade comprada serão colocadas em dispositivo do tamanho de uma pontinha de alfinete. Não é apenas um código de barras, é uma memória inteligente”, explica Longo.
Esses cartões inteligentes também podem ser utilizados como bilhetes para o transporte público, telefonia celular, TV digital e movimentações bancárias.
Em 2008, se cogitou a possibilidade de construção de uma fábrica para produção de semicondutores ferroelétricos (chips) em São Carlos, que teria participação ativa no desenvolvimento de novas memórias ferroelétricas e de novos materiais do grupo de pesquisa de Araraquara dirigido pelos professores Elson Longo e José Arana Varela, atual diretor presidente da Fapesp. Naquela época, as negociações não avançaram e a empresa Symetrix, dirigida por Araújo, decidiu instalar sua fábrica na China. “Foi uma pena, pois, além da fábrica em si, estima-se que outras 300 a 400 novas empresas da cadeia produtiva seriam instaladas na região”, disse Longo.
Após a entrevista de oito páginas na edição de outubro da revista Pesquisa Fapesp, o tema da instalação de uma fábrica de chip no Brasil voltou à tona e a competência instalada em pesquisa em ferroeletricidade pelo grupo do IQ/Unesp torna Araraquara uma candidata a receber uma fábrica para a produção de chips.
Depois do encontro com o professor Elson Longo, no IQ/Unesp, a parlamentar vai agendar uma reunião entre o pesquisador e o prefeito Marcelo Barbieri, que já foi informado por Edna sobre o assunto e demonstrou grande interesse em conhecer mais sobre as possibilidades de trazer uma fábrica de chip para Araraquara.
Publicado em: 29/10/2013 14:39:14