Discutir os desafios da mobilidade urbana, bem como planejar a cidade para os próximos dez anos: esse foi o objetivo da 2ª Audiência Pública sobre Plano de Mobilidade Urbana de Araraquara, realizada na quinta-feira (11), no Plenário da Câmara. O debate, conduzido pelos vereadores Paulo Landim e Fabi Virgílio, ambos do PT, contou com a participação da população, do presidente da Câmara Municipal, Aluisio Boi (MDB), e dos vereadores Carlão do Joia (Patriota), Gerson da Farmácia (MDB) e Guilherme Bianco (PCdoB)
De acordo com o coordenador de Mobilidade Urbana, Nilson Carneiro, existe a previsão da revisão dos planos de mobilidade a cada década, conforme a Lei nº 12.587/12. Araraquara executou seu último plano em 2008, porém, devido à pandemia de Covid-19, foi necessário prorrogar o prazo até 2023 (Lei n°14.000/20).
O objetivo deste segundo encontro foi apresentar o diagnóstico realizado pela Prefeitura, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), sobre o perfil urbano da cidade. “A gente finaliza a nossa coleta de dados, a nossa pesquisa a campo. Com todas as dificuldades de fazer isso durante a pandemia, mas, com as inovações tecnológicas e mudanças metodológicas, conseguimos traçar um perfil um bom perfil da cidade, que nos ajudará na etapa seguinte das propostas”, explicou a professora da UFSCar Luciana Gonçalves.
Foram apresentados dados de levantamentos realizados nas vias públicas da cidade, considerando as principais entradas e saídas do município, além dos resultados da pesquisa origem-destino aplicado em formulário web com pessoas de todos os bairros (agrupados em zonas de tráfego), em várias faixas etárias, incluindo usuários de transporte coletivo, de veículos motorizados e da mobilidade ativa, como ciclistas.
A cidade superou o crescimento esperado nos últimos tempos, ainda que a infraestrutura viária tenha permanecido a mesma. A projeção populacional era 212.625, mas a estimativa do IBGE para 2021 foi 240.542 habitantes, um crescimento de 11,61% em 12 anos. Por sua vez, no mesmo período a frota de carros cresceu 80,17%. Nesse sentido, houve também um “boom” imobiliário, ou seja, o aumento expressivo da construção de grandes empreendimentos. “Nós estamos em um processo crescente da construção civil da cidade, isso muda o perfil das vias e de ocupação dos bairros. A mobilidade urbana é uma das espinhas dorsais quando a gente fala em planejamento urbano. O trabalho que a UFSCar está fazendo é extremamente importante para pensar o futuro da cidade”, explicou a secretária de Desenvolvimento Urbano, Sálua Kairuz.
Com todos os dados apontando para o perfil de imobilidade, o desafio da equipe técnica envolvida é justamente garantir a mobilidade. A professora da UFSCar Thaís Guerreiro explicou que, a partir de uma radiografia da cidade, foram traçadas propostas para que Araraquara não faça parte do círculo vicioso já existente em cidades grandes. “A cidade cresce, aumentam-se as distâncias, o transporte público torna-se menos eficiente, há o aumento do interesse pelo automóvel e o seu uso maciço. A ideia não é extinguir o uso de automóveis, mas melhorar a circulação de pedestres, a partir da equalização dos meios de transporte”, destacou.
O grupo seguirá trabalhando e as propostas finais serão apresentadas em nova audiência pública, ainda sem data prevista. Quando o debate for marcado, as informações serão divulgadas no site e nas redes sociais da Câmara de Araraquara.
Publicado em: 12/11/2021 16:45:15