Na segunda-feira (27), a Câmara Municipal de Araraquara realizou uma audiência pública para discutir o Projeto de Lei Complementar nº 7/2022, que prevê a implantação de ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas em todos os novos loteamentos implementados no município. O autor do projeto de lei, vereador Guilherme Bianco (PCdoB), presidiu o encontro, que contou com a presença de representantes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), do Executivo e de ciclistas da cidade.
“A ideia é garantir uma nova modalidade de transporte urbano, fazendo de Araraquara uma referência no que tange à mobilidade urbana”, explicou o parlamentar. “Há várias razões importantes para investir em uma malha cicloviária, como a questão do meio ambiente, a questão do trânsito, a economia e a saúde. Além disso, Araraquara conta com uma geografia plana absolutamente favorável ao uso de bicicletas em várias ocasiões, como nos fins de semana. A cidade ganhou até uma rota turística, com as pessoas indo à Padoca do Assentamento Monte Alegre, mas também existe um número crescente de usuários de bicicletas nos seus afazeres diários”, acrescentou.
A arquiteta urbanista e professora da UFSCar Luciana Márcia Gonçalves, que participou da elaboração do Plano de Mobilidade Urbana de Araraquara, observou que “esse tipo de lei é fundamental para complementar o Plano, que carece de leis e projetos mais específicos. O Plano é muito amplo e geral, mas não podemos parar nele”, apontou. A engenheira e professora da UFSCar Thaís de Cássia Martinelli, que também trabalhou no Plano, acrescentou que o projeto de lei complementar “é uma maneira de a gente vislumbrar a materialização de um projeto que levou tanta dedicação. Temos um horizonte de dez anos para consolidar as nossas propostas, mas tem de ter um início, e para isso, muitas vezes, temos de ter esses instrumentos legislativos”.
Representando a Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, a arquiteta Janice Okumura explicou que a pasta montou uma força-tarefa para a criação de uma legislação pensada para facilitar o uso de bicicletas na cidade. “A maior dificuldade é a questão da verba específica para esses projetos”, avaliou. Apesar das dificuldades, Janice narrou alguns avanços, como a rota de cicloturismo de Araraquara a Bueno de Andrada por três diferentes percursos totalmente sinalizados e com códigos informativos, que já foi licitada e terá início em breve.
O professor e cicloativista Gustavo Moura, que auxiliou o gabinete do vereador Bianco na elaboração do projeto, apontou a importância da bicicleta como meio de inclusão social. “É um problema da juventude não conseguir ter uma mobilidade relevante. Vários eventos importantes ocorrem em locais afastados das periferias. Este projeto é importante porque traz o movimento no sentido periferia-Centro, e não o contrário. Com esse meio de inclusão social tão poderoso, podemos levar para os bairros periféricos a possibilidade de participar de eventos culturais e sociais, ou até mesmo acessar o Cuca de bicicleta”, observou.
Durante a audiência pública, foram levantados vários pontos relevantes que motivaram alterações no projeto inicial, conforme explicou o vereador. “Primeiramente, vamos mudar a temporalidade, incluindo não só os novos projetos, mas também os aprovados e ainda não executados, garantindo que todos prevejam a implantação da ciclovia”, contou Bianco. “Também daremos prioridade aos caminhos que levam até as escolas, dando segurança maior para os nossos pequenos nesses deslocamentos nos seus bairros. Por fim, vamos inserir que todas as ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas tenham a largura mínima de 1,70 metro de tamanho útil, não tamanho total, para garantir o conforto do ciclista que vai utilizar essa via no nosso município”, concluiu.
A íntegra da audiência pública pode ser acessada neste link.
Publicado em: 29/03/2023 20:41:23