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Estado produz bandido e cidades médias não suportam descentralização do crime




Do ponto de vista macro estamos produzindo criminosos e a interiorização do crime está cada vez mais evidente, os municípios como Araraquara não estão preparados para essa descentralização. Com o tema ‘segurança pública e violência em cidades médias’, a primeira mesa redonda levantou o assunto e buscou tratá-lo de forma crítica. Coube ao vereador Donizete Simioni (PT) fazer a abertura da Semana e ao vice-presidente da Câmara, vereador farmacêutico Jeferson Yashuda (PSDB) mediar a discussão. Gabriel de Santis Feltran, que é professor doutor do Departamento de Sociologia da UFSCar, em São Carlos, e coordenador do Núcleo de Pesquisas Urbanas e do Projeto as Margens da Cidade, estudou algumas favelas em São Paulo e cidades metropolitanas. Esse ambiente em que a violência está mais inserida, segundo ele, tem ações que reverberam para todo o Estado, sejam elas por meio do Governo ou de políticas adotadas pelos criminosos. A repressão está voltada ao pequeno criminoso que acaba na prisão e aprende a ser bandido. “Essa instância do crime disputa com a família, o mercado de trabalho, a religião e evidentemente com Estado.” Ele acredita que em cidades médias como Araraquara seja mais possível pensar em prevenção, mesmo convivendo com as políticas do crime e as ordens provenientes de facções criminosas. Para o pesquisador, a criminalidade é uma organização forte e lucrativa. “Prender esses meninos não soluciona o crime”, diz Feltran citando a detenção de jovens por tráfico e roubos. “O tipo de política realizada nos últimos vinte anos está aumentando o crime e não o solucionando por estar centrada no encarceramento e não na prevenção.”

A professora doutora Sueli Andruccioli Felix, já foi coordenadora de análise e planejamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública até o ano passado e é pesquisadora da Unesp atuando em temas como criminalidade, segurança, geografia do crime e políticas públicas. Ela acredita que as cidades pequenas e médias têm mais problemas do que as maiores tomando como base a análise comparativa populacional com grandes centros. Em sua opinião, os municípios não estão preparados para essa descentralização do crime. “Entre as hipóteses para a interiorização do crime estão à descentralização das unidades prisionais, a expansão do crime organizado, o efetivo policial usando como base as estatísticas e os índices criminais que demoram a ser atualizados e a vulnerabilidade e a confiança dos moradores nas cidades do interior. O crime aumenta em progressão aritmética e o medo em progressão geométrica. Na medida em que se fala mais do crime se cria medo”, diz Sueli. Para Feltrin, professor especializado em dinâmicas sociais voltadas ao mundo do crime, a queda das mortes violentas é resultado da atuação da facção criminosa e das forças de segurança. “As mortes foram proibidas pelo crime organizado e isso interrompe a cadeia de vingança.” Logo, as mortes violentas caem.

Em raciocínio semelhante, Sueli mostrou gráficos em que enquanto a taxa de homicídios vem caindo no Estado São Paulo. “Quando a gente fala em homicídio é preciso lembrar que muitos deles acontecem entre pessoas que se conhecem. É um crime que chama a atenção porque se trata de vida, mas pelo ponto de vista técnico a descentralização ocorreu mesmo em crime patrimonial.” Segundo a pesquisadora, o temor real para cidades como Araraquara está nos roubos, furtos e estelionatos. “Golpistas adoram as cidades menores.” Uma das maiores preocupações dos palestrantes era assegurar uma ação conjunta entre as forças de segurança no Estado e uma participação mais ativa da comunidade.

Ainda estiveram presentes no debate o vereador Elias Chediek (PMDB), o coronel José Antônio Spera, secretário municipal de segurança pública e Marcos Roberto da Silva, comandante da Guarda Municipal. A Semana Rodolpho Telarolli segue nesta sexta-feira com mais palestras.




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