A crise de confiança é um dos fatores mais relevantes para a explicação da crise econômica que o país atravessa atualmente. Foi o que esclareceu Jaime Vasconcellos, economista formado pela Unesp Araraquara, assessor econômico da Fecomercio/SP e sócio da Eagles Consultoria Econômica, na última quarta-feira, 31 de agosto, no Plenarinho da Câmara Municipal. Ele foi o palestrante do debate “Panorama Econômico e Político de Araraquara e Perspectivas para 2017”, organizado pela Escola do Legislativo para a Semana Rodolpho Telarolli de 2016.
“A incerteza é a base da desconfiança, e a confiança é a base do capitalismo”, explicou o economista. Funciona mais ou menos assim: quando a confiança do consumidor está em baixa, ele não compra. Consequentemente, o mercado esfria. Sem confiança nas perspectivas do mercado, o empresário não investe. Mais do que isso, ele deixa de empregar. Com menos emprego, o trabalhador consome menos, a economia desacelera ainda mais, e o empresário investe e emprega sempre menos. À medida que essa situação se repete exponencialmente dentro de uma economia, as consequências são a crise e a estagnação que o brasileiro atualmente conhece muito bem. “De acordo com o IBGE, hoje 56% dos brasileiros têm um parente ou amigo que ficou desempregado nos últimos seis meses”, informou. Segundo Jaime Vasconcellos, o “fundo do poço” verificou-se em maio, quando houve paralisação simultânea do atacado, do varejo e do setor de serviços.
Obviamente, a confiança não foi o único elemento a desempenhar um papel importante na crise que o país atravessa. “A situação decorre de uma série de erros técnicos das últimas equipes econômicas. O nosso modelo de desenvolvimento dos últimos 15 anos baseou-se somente em consumo, e ele se esgotou. Faltou investimento. O investimento deve acompanhar o desenvolvimento, e o setor público deve dar espaço a quem investe”, explicou.
De acordo com o economista, outro problema grave foi o aumento do endividamento do brasileiro, cujo tipo – os principais vilões são o cartão de crédito e o cheque especial – ele classificou como fácil e preocupante. “O nosso crédito é fácil. Ao abrir uma conta, o cartão de crédito já vem incluído, por exemplo. Quanto mais fácil o crédito, maiores as chances de endividamento”, lembrou. Porém, os juros do cartão e do cheque especial batem os 400% e 300% ao ano, respectivamente. Isso significa que, se você entra no rotativo, uma dívida de 1.000 reais pode se transformar em espantosos 112 mil em 5 anos. O endividamento preocupa em Araraquara também. Atualmente, a cidade registra uma população economicamente ativa de 135 mil pessoas, com cerca de 35 mil indivíduos com restrição de crédito (ou seja, débitos em atraso), totalizando aproximadamente 60 mil dívidas (cada devedor inadimplente geralmente possui mais de uma dívida registrada).
Vai melhorar
Uma parcela importante da recessão interna e da paralisação do mercado, explicou o economista, advém das incertezas resultantes da crise política. Por isso, com a perspectiva das recentes definições no quadro político, a tendência é de melhora do panorama para o próximo ano. Alguns elementos sustentam o otimismo, entre os quais: uma melhoria em curso dos índices de confiança; uma queda observável, embora muito lenta, na inflação; uma provável recuperação do PIB; expectativas de redução dos juros; e a retomada da atividade econômica, graças a um aumento no consumo das famílias. “A tendência de melhora é muito clara. E não é mais para 2018. É para o segundo semestre de 2017”, declarou Vasconcellos. “Estamos contando com uma contenção de gastos do governo e uma redução de juros, com consequente retirada de dinheiro do mercado financeiro, para injeção no comércio.” De acordo com ele, os índices indicam que tanto os consumidores quanto os empresários estão aumentando as expectativas otimistas. “Isso nos garantirá um ano difícil, porém melhor.” Mais confiança significa uma perspectiva de aumento de compras e, consequentemente, de investimentos, com reaquecimento da economia.
Jaime destacou a importância do compromisso da equipe econômica com a contenção dos gastos governamentais, além do papel fundamental que as prefeituras desempenham no incentivo à criação de empresas locais. No caso específico de Araraquara, a aposta do economista é no empreendedorismo. “O que diferencia um município de outro é a capacidade de criar e atrair empresas. Araraquara tem universidades, tem mão de obra especializada. É necessário investir mais em infraestrutura, aumentar as parcerias com as universidades. Os empreendedores geram tecnologia, criam incubadoras, promovem cursos, têm foco na eficiência. A cidade precisa ser dinâmica e produtiva. As maiores cidades são as que diversificam”, concluiu.
Confira o vídeo na íntegra aqui.
Publicado em: 05 de setembro de 2016
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Categoria: Escola do Legislativo
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