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Sensação de insegurança nas escolas preocupa pais, mães e estudantes

Audiência pública da Câmara Municipal debateu o tema na noite da quinta-feira (13), com participação de vereadores, profissionais de segurança pública, representantes de instituições, alunos e responsáveis


A sensação de insegurança nas escolas de Araraquara, devido aos casos recentes de ataques em algumas cidades do Brasil e ameaças divulgadas pela Internet, preocupa pais, mães e estudantes do município. O tema foi debatido em Audiência Pública da Câmara Municipal na noite da quinta-feira (13).

Convocada em documento assinado por todos os parlamentares, a audiência teve participação de 16 vereadores: o presidente da Câmara, Paulo Landim (PT); Guilherme Bianco (PCdoB), que presidiu e mediou os debates; o vice-presidente do Legislativo, Aluisio Boi (MDB); o segundo secretário, Emanoel Sponton (Progressistas); além de Alcindo Sabino (PT), Edson Hel (Cidadania), Fabi Virgílio (PT), Filipa Brunelli (PT), Marchese da Rádio (Patriota), Gerson da Farmácia (MDB), João Clemente (PSDB), Lineu Carlos de Assis (Podemos), Lucas Grecco (União Brasil), Carlão do Joia (Patriota), Luna Meyer (PDT) e Rafael de Angeli (PSDB).

A mesa de autoridades reuniu representantes da Diretoria Regional de Ensino, da Polícia Militar, do Conselho Regional de Psicologia, do Conselho Tutelar, da Associação das Escolas Particulares de Araraquara e Região (Aepar), da União Nacional dos Estudantes (UNE), além de outras instituições.

Com a palavra aberta para o público, pais de alunos, mães e os próprios estudantes externaram suas preocupações sobre o tema. “Fiquei meio perdida aqui nos discursos, porque não sei se deve ter ou não deve ter policial dentro da escola, mas uma coisa eu garanto: tem que ter segurança. Estudo das 7h30 às 16h30. Recebemos três ameaças sobre massacres na minha escola. Duas realmente eram fake news, porque nós descobrimos. Só que aquela outra a gente não sabe de onde começou, de onde surgiu”, disse a estudante Maria Luiza. “Tenho muito medo de acontecer alguma coisa, só que, ao mesmo tempo, minha mãe sabe o que é melhor para mim”, complementou.

Diversos pais e mães de alunos pediram providências ao poder público e às forças de segurança, com intensificação das rondas escolares e investigações sobre as ameaças que circulam em redes sociais. “No sábado à noite, chegou mensagem no meu celular dizendo que teria massacre na escola. Fiquei desesperada, mas não deixei meu filho em casa porque era semana de provas. Fiquei na escola das 7 às 9 horas. Estava cheio de policiais e guardas municipais. Não ficou nenhum pai ou mãe. Somente eu. Tinha 50 crianças em uma escola de 300. Na sala do meu filho, tinha três crianças. Em uma semana de provas”, relatou Janaína, mãe de aluno da Emef "Gilda Rocha de Mello e Souza", do Jardim Indaiá.

“O momento é de apreensão e preocupação. Tranquilo, ninguém fica. A gente vive um momento difícil em vários sentidos. Nessa questão de segurança, quando se trata de filhos, fica ainda pior. A gente manda para a escola e fica com medo de que volte de outra forma, diferente da que foi”, disse Gislaine Dias, mãe de aluna.

 

Debate

O dirigente regional de ensino, Paulo Pereira da Silva, falou sobre o protocolo de segurança adotado junto aos profissionais da educação, como reportar qualquer ameaça aos órgãos de segurança pública e prestar atenção ao dia a dia da unidade escolar e relatar algo que saia da rotina. Ele também pediu o apoio dos pais e responsáveis.

“Graças a Deus, aqui em Araraquara não vivenciamos o que outros municípios vivenciaram. A gente tem orientado muito as nossas escolas a combater todo tipo de disseminação de fake news pelas redes sociais. Isso tem causado muito pânico na nossa sociedade. Muitas mensagens propagadas não têm um cunho verdadeiro. Temos chamado atenção dos pais para prestar atenção às redes sociais que os filhos acessam, olhar a mochila dos filhos. Os pais também têm parcela de responsabilidade nessa ação de segurança”, destacou.

A empresária Paula Ribeiro, representando a Associação das Escolas Particulares de Araraquara e Região, citou a revolução tecnológica dos últimos anos, que transformou a velocidade de comunicação. “Observar a recente onda de violência e ameaça nas escolas e observar a repercussão de tudo isso nas redes sociais e na imprensa é muito preocupante. Temos que nos munir do sentimento de não apontar culpados ou buscar responsabilizações, e sim aceitar o ineditismo do momento e entender que a responsabilidade é de todos. Não existe lado. Existe um adversário a ser vencido”, afirmou.

O secretário geral do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Leandro Alves Oliveira, defendeu uma ação conjunta. “Não bastam medidas paliativas, com policiamento ostensivo nas escolas. É fundamental unirmos forças, ouvir os estudantes, os professores, os pais, a comunidade escolar. Precisamos ter políticas públicas mais profundas”, opinou.

Márcio Servino, representando o Conselho Tutelar, destacou que a responsabilidade de proteger as crianças e os adolescentes, na Constituição Federal, é dividida entre família, sociedade e Estado (conjunto das instituições). “Não vamos terceirizar para o Estado a responsabilidade, por exemplo, de olhar a mochila de uma criança. Tem mãe que manda a criança para a escola com a mesma fralda do outro dia, manda sem olhar o caderno. Essa mãe vai olhar a mochila da criança? Vamos terceirizar isso agora para o professor?”, questionou.

Representando o Conselho Regional de Psicologia, Leandro Gabarra disse que o momento é de se acalmar. “Não acredito que hoje seja hora de decidir. Hoje é hora de acalmar. As estatísticas de violência têm aumentado nas escolas. Isso é um fenômeno mundial. O tema dessa conversa é muito complexo. A psicologia pode contribuir com isso”, afirmou.

Maria Augusta Haddad, representando a UNE, leu uma carta escrita por alunos da Unesp e pediu medidas urgentes. “Enquanto movimento estudantil, exigimos que a segurança nas escolas seja reforçada, pois nunca será admissível que casos que têm ocorrido em todo o Brasil se reproduzam nesta cidade. Exigimos que as autoridades tomem medidas imediatas para garantir a segurança”, declarou.

O capitão PM Bruno Santos, comandante da 3ª Cia de Policiamento do 13º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPM/I), destacou que as estatísticas criminais não registram nenhum atentado a escolas na região. “Isso tudo que tem acontecido [em outras partes do Brasil] está gerando uma sensação de insegurança na população regional. A gente tem que tomar cuidado para não tomar iniciativas sem ponderar”, afirmou.

Quando um aluno é pego com objeto suspeito, a PM está apreendendo o material, acionando o Conselho Tutelar e a família, e a Polícia Civil passa a investigar o caso. Essa é uma das atuações da Polícia Militar, de acordo com o capitão. A outra é investigar as possíveis ameaças. “A Polícia Militar está buscando identificar cada ameaça dessa e graduar a probabilidade de acontecimento, por meio dos nossos órgãos de inteligência. Aumentamos nosso policiamento de ronda escolar. Também estamos fazendo reuniões com diretores e professores”, disse Santos.

O policial ainda recomendou que os pais e mães de alunos baixem o aplicativo para celular 190 SP e orientem seus filhos. O app agora passa a disponibilizar o botão “segurança escolar”, facilitando que ocorrências suspeitas dentro das unidades escolares sejam comunicados à PM.

 

Encaminhamentos

O vereador Guilherme Bianco, que presidiu a Audiência Pública, afirmou que o tema é complexo. “Não existe receita mágica. E suspeito que ninguém saiba resolver ainda esse problema da violência nas escolas. O melhor caminho é o diálogo entre a comunidade. Vereadores, Executivo, deputadas e deputados, professores, merendeiros, pais de alunos, estudantes, pesquisadores da educação e sociedade civil”, analisou.

Bianco ainda falou sobre a importância da atuação de conselhos de escola e de associações de pais e mestres, ampliando a integração entre a escola e a comunidade. O parlamentar ainda criticou a falta de regulamentação das redes sociais e o incentivo à compra de armas.

Presidente da Comissão de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social da Câmara (também composta por Bianco e João Clemente), o vereador Gerson da Farmácia defendeu que a educação começa dentro da família. “Temos que orientar mais os filhos, participar mais. Temos obrigação de cuidar dos nossos filhos, porque eles são o nosso futuro”, analisou.

Outros parlamentares também utilizaram a palavra na Audiência Pública para apresentarem seus pontos de vista sobre o tema. Um resumo da audiência, com as propostas apresentadas durante os debates, será elaborado pelos vereadores.

A íntegra da audiência, transmitida ao vivo pela TV Câmara de Araraquara, pode ser assistida no YouTube e no Facebook do Legislativo.


Publicado em: 14 de abril de 2023

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Categoria: Câmara

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