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Um músico que lutou pela igualdade racial por meio de sua obra. Essa é a síntese dos depoimentos sobre Carlos Alberto do Amaral, que recebeu o Diploma de Honra ao Mérito em Sessão Solene da Câmara Municipal na noite de sexta-feira (1º). A homenagem é de iniciativa do vereador João Clemente (PSDB).
Amaral foi integrante do grupo “Magnatas do Pagode”, que contribuiu para o protagonismo do samba e do pagode entre as gerações das décadas de 1980, 1990 e 2000, abrindo portas para que Araraquara tivesse projeção e reconhecimento nacional nesses estilos musicais, além de combater a discriminação e o racismo.
O evento de entrega da homenagem fez parte da programação do Novembro Negro em Araraquara, promovida pela Prefeitura, por meio da Coordenadoria de Políticas Étnico-Raciais, e com o tema "Até onde vai o seu racismo?".
“A marca do Amaral é uma marca de quebra de paradigmas. Quem não escutou o tio Manoel dizendo [em vídeo de depoimento na sessão] que, no clube que os recebia, era fornecido copo de vidro para os músicos brancos e copo plástico para os músicos negros? Sem permissão de sequer frequentar o banheiro. Faz tão pouco tempo, e eles ainda insistem em nos colocar nesses espaços. Por isso, quando o Amaral é homenageado em vida, e eu fui só um instrumento para que isso acontecesse, a gente quebra o pilar do racismo, essa história de só homenagear os nossos quando não estão mais aqui”, afirmou Clemente, que presidiu a Sessão Solene.
Representando o prefeito Edinho Silva (PT), o vice-prefeito e secretário do Trabalho, Desenvolvimento Econômico e Turismo, Damiano Neto (Progressistas), destacou que o trabalho de Amaral contribuiu para o “rompimento de muitas barreiras e do preconceito” e também “abriu portas para muitos outros artistas locais e inspirou muitos talentos”.
Pioneiro
O ex-vereador João Farias, que foi presidente da Câmara Municipal no biênio 2013-2014, participou da solenidade. Amaral foi assessor de seu gabinete no Legislativo de Araraquara. “O Amaral tem um tato impressionante para cuidar das pessoas. O que fez a gente se conhecer foi o samba. Mas a luta do Amaral não é só pelo samba. Foi um pioneiro que lutou do seu jeito, através da sua arte, para combater o racismo”, disse Farias.
O produtor cultural Cristiano Oliveira disse estar muito honrado por participar da Sessão Solene. “Eu sempre colocava nas redes sociais: ‘quando vamos homenagear o Amaral?’. Chegamos até aqui. Deu tudo certo. Você merece, Amaral, tudo o que as pessoas falaram aqui. Você representa tudo isso”, declarou.
O homenageado recordou histórias da vida pessoal e no meio musical. Apesar de ter trabalhado como assessor legislativo por quase 15 anos, disse que nunca pensou em ser candidato. “Eu sempre quis fazer o samba para a comunidade, como gosto até hoje”, revelou. Amaral ainda agradeceu à Câmara e ao vereador João Clemente pela honraria recebida. “Obrigado pela presença de vocês. É um dia feliz na minha vida. Viva o samba!”, concluiu.
Também estiveram presentes no evento o vice-presidente da Câmara Municipal, vereador Aluisio Boi (MDB); a deputada estadual Thainara Faria (PT), também ex-vereadora de Araraquara; a coordenadora municipal de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo; o gerente regional da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), Benedito dos Santos; o secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Gestão de Pessoas da Prefeitura de São Carlos (SP), João Carlos de Oliveira; o presidente do Baile do Carmo, Daniel Amadeu Martins Filho (Costa); entre outras autoridades, músicos, familiares e amigos de Carlos Alberto do Amaral.
A Sessão Solene foi transmitida ao vivo pela TV Câmara e ainda pode assistida na íntegra pelo Facebook e pelo YouTube.
Trajetória
Desde criança, o estilo musical de que Carlos Alberto do Amaral mais gostava era o de bateria de escola de samba. Com 8 anos, trabalhava para ajudar a família e vendia amendoim para ganhar um dinheirinho. Quando sobrava um pouco, comprava alguns instrumentos musicais.
Com os amigos, criou uma torcida da Ferroviária chamada “FerroChopp”. Amaral era o diretor cultural e garantia a batucada. Eles passaram a ser convidados para animar as festas em clubes da cidade. Mas a música ainda era um passatempo para conciliar com o trabalho e os estudos.
No início da década de 1980, Amaral saiu do trabalho e dedicou sua vida à música. Seu primeiro grupo se chamava “Só Pagode”. Em meados de 1989, estava combinado que eles abririam um show de Almir Guineto, no Clube 22 de Agosto. No entanto, descobriu-se que outra banda, de Ademir Batera, já se chamava “Só Pagode” e estava gravando disco com esse nome. A partir daí, o grupo do Amaral mudou de nome: “Magnatas do Pagode”.
Nos anos 1990, o “Magnatas do Pagode” participou do 1º Festival de Pagode do Só Pra Contrariar. Esse festival lançou duas coletâneas de LP com o nome “Só Pra Contrariar e Seus Convidados”, volumes 1 e 2. O “Magnatas” foi um dos grupos que tiveram a música mais divulgada do LP, “Doce Mania”, de Zezinho Cipó, que até os dias atuais está nos arquivos de samba das emissoras de rádio.
Em 1997, com o convite de um dono de escola de samba, Amaral mudou-se para Joaçaba (SC) e fundou o projeto “Futuro do Samba”. Quando voltou para Araraquara, ele tocou no projeto “Circuito do Cabral” no Sesc. A partir de 2000, Amaral deu início ao projeto “Samba de Bamba”, que segue até os dias atuais. Desde 2019, Amaral também se tornou chefe de cozinha.
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