Notícias



Desenvolvimento e direitos: uma luta que não é só das mulheres



235


Edna Martins*

 

Era uma vez um grupo de pessoas do gênero homo, da espécie homo sapiens, que foi proibido de estudar, de trabalhar, de ir e vir sem autorização, de dar opinião, de votar, de decidir sobre seu próprio corpo. Esse grupo de pessoas foi submetido a torturas, ameaças e a toda sorte de humilhações. Se essa história fosse ficção, nós já acharíamos uma história absurda, mas é realidade. Houve um tempo em que esse grupo de seres humanos, chamado de mulheres, tornou-se consciente de sua condição e resolveu se juntar para pedir respeito, para pedir paz. Para reivindicar o direito a ter direitos. E desde que começou, essa luta passou por muitos espaços e por muitas mãos. Mas ao analisarmos essa luta em perspectiva histórica vemos que seus resultados são muito recentes. Em 1879 foi aprovada a Lei que garantiu às mulheres cursarem o ensino superior. Em 1932 elas puderam votar e, portanto, decidirem sobre quem iria representá-las. Em 1979 nós fomos autorizadas a praticar esportes, por que isso também nos era proibido. E assim foram se somando diversas conquistas que ampliavam direitos básicos às mulheres. Sendo que, só em 2006 foi promulgada a lei Maria da Penha. Portanto, faz só oito anos que homens que agridem mulheres são considerados criminosos.

Este dado é muito significativo, porque nos mostra o quão difícil é, neste país, avançarmos com uma legislação que nos permite desnaturalizar a violência de gênero. Muito provavelmente você que está lendo este texto conhece algum caso de violência contra mulher, e se não conhece, é só folhear as páginas de jornal para ver que ela acontece aos montes, todos os dias. E isso não pode ser absorvido por nós como algo normal. Isso não é normal. Não é normal que a maioria da população deste país esteja submetida a uma condição de humilhação e vulnerabilidade. Na última terça-feira, o relatório sobre violência contra as mulheres da ONU apontou que uma em cada três mulheres, em todo o mundo, é vítima de algum tipo de violência conjugal. Na média global, 38% dos assassinatos de mulheres foram cometidos por seus companheiros, cônjuges, parceiros. Calcula-se que entre 100 e 140 milhões de jovens adultas no mundo tenham sofrido algum tipo de mutilação genital. Estes dados nos alardeiam para o fato de que, ainda hoje, as políticas de combate à violência contra as mulheres são insuficientes. E não só são insuficientes como são, continuamente, tratadas como políticas menos importantes. Nossa sociedade e nossos representantes políticos não entenderam ainda que não há desenvolvimento em uma sociedade onde metade da população está submetida, diariamente, a condições de violência física e psicológica. Isso porque desenvolvimento não deve referir-se apenas ao crescimento do produto nacional bruto, a industrialização, ao progresso tecnológico.

O desenvolvimento de um país deve ser medido segundo sua capacidade de transformar as riquezas nacionais em qualidade de vida para seus cidadãos, por meio da redução das desigualdades sociais e da expansão das liberdades humanas. Por isso eu os convido a pensarmos em novas estratégias de enfrentamento da violência. Além disso, os convido a exercitar, diariamente, o resgate dos valores humanos entre nós. Porque não adianta termos empresas, estarmos entre as primeiras economias mundiais, termos um monte de parafernalha tecnológica, se o Ser Humano não resgatar a sua capacidade de indignação.

 

* Edna Martins – vereadora do Partido Verde


Publicado em: 03 de dezembro de 2014

Cadastre-se e receba notícias em seu email

Categoria: Câmara

Comentários

Adicione seu comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.


Outras Notícias

Fique por dentro

Agenda Cultural – 08/08

08 de agosto de 2025

Feiras Nesta sexta-feira (8), das 17 às 22 horas, a GiraFeira apresenta uma edição especial, marcada pelos embalos dos anos 70 e 80: é a “GiraFeira Night Fever”, a ser realizada na Praça da Indepe...



Agenda Esportiva – 08/08

08 de agosto de 2025

Futebol masculino Nesta sexta-feira (8), às 19 horas, a Ferroviária recebe o Amazonas, na Fonte Luminosa, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B. A equipe grená ocupa a 15ª colocação...



Retomada de obras da Associação Atlética Ferroviária depende de regularização de documentos

08 de agosto de 2025

Suspensas pela Prefeitura desde janeiro de 2025, as obras de revitalização da Associação Atlética Ferroviária dependem da apresentação de documentos técnicos para serem retomadas. A informação é da...



Idiomas – grátis (08/08)

08 de agosto de 2025

O Centro de Línguas e Desenvolvimento de Professores (CLDP) da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp Araraquara está com inscrições abertas para cursos de idiomas presenciais e online, com...



Agosto Lilás 2025 (08/08)

08 de agosto de 2025

Como parte da campanha Agosto Lilás 2025, a Prefeitura de Araraquara realiza uma série de rodas de conversa conduzidas pelas psicólogas do Centro de Referência da Mulher (CRM) com beneficiários do...



Economia criativa (08/08)

08 de agosto de 2025

Nesta sexta-feira (8), a feira de economia criativa GiraFeira apresenta uma edição especial, marcada pelos embalos dos anos 70 e 80: é a “GiraFeira Night Fever”, a ser realizada na Praça da Indepen...





Esse site armazena dados (como cookies), o que permite que determinadas funcionalidades (como análises e personalização) funcionem apropriadamente. Clique aqui e saiba mais!