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O filósofo Jean-Paul Sartre nasceu em Paris no dia 21 de junho de 1905. Órfão de pai, falecido com febre amarela, perto de completar dois anos, mudou-se com sua mãe para a casa dos seus avós maternos em Meudon. O avô, Charles Schweitzer, um professor de alemão, influenciou e despertou o neto à literatura clássica.
Aos 12 anos, Sartre mudou-se com sua família para La Rochelle e lá residiu até os 15, indo então estudar em Paris, no célebre Liceu Henri IV, e depois no Liceu Louis le Grand, interessando-se por filosofia.
Em 1924, matriculou-se na Escola Normal Superior, em Paris, por onde formaram-se vários pensadores franceses notáveis, terminando seus estudos no ano de 1929, quando conheceu a escritora Simone de Beauvoir, sua futura companheira. Em 1931, foi nomeado professor de filosofia no Liceu do Havre e, de 1933 a 1934, estudou e viveu em Berlim. No ano de 1938, publicou seu primeiro romance intitulado "A náusea".
Com o início da guerra, foi convocado a servir no exército francês como meteorologista. Capturado em 1940, foi enviado pelos alemães a um campo de prisioneiros onde passou nove meses, quando então escreveu e encenou a peça teatral "Barionà, fils du tonnerre". Libertado, voltou à França em 1941 e criou o movimento Socialismo e Liberdade. No ano de 1943, publica "O ser e o nada".
Com o final da guerra, fundou, em 1945, a revista Les Temps Modernes, edição mensal, conhecida como "Revista de Sartre".
Ingressou, em 1952, no Partido Comunista Francês, rompendo depois de quatro anos. Em 1960, publicou a "Crítica da razão dialética", e em 1964, a autobiografia "As palavras".
Recusou o Prêmio Nobel de Literatura por acreditar que "nenhum escritor pode ser transformado em instituição".
Sartre, além de ter estado no centro de alguns dos movimentos intelectuais e culturais mais importantes da segunda metade do século XX, como o existencialismo, foi o caso raro de um grande filósofo que era também um grande romancista, e de um grande romancista que era também um grande dramaturgo.
Faleceu em Paris em 15 de abril de 1980.
Fausto Castilho e Sartre
Vinda à Araraquara
No dia 4 de setembro de 2018, comemoramos 58 anos da visita do filósofo Sartre à cidade de Araraquara e relembramos que sua vinda ao nosso município se deu pelo filósofo Fausto Castilho, docente na época da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, hoje FCLar/Unesp.
O filósofo Fausto perguntou por intermédio de colegas a Sartre, que participava de um congresso literário em Recife, sobre a conciliação do existencialismo e marxismo. Posteriormente, essa indagação foi reforçada por telefone, quando Sartre estava no Rio de Janeiro.
Jean-Paul Sartre e sua companheira, que estavam em visita ao Brasil a convite do escritor Jorge Amado, quis responder pessoalmente àquela pergunta e, assim, surgiu o pedido de sua vinda à Araraquara para a conferência que mais tarde deu nome ao livro "Sartre no Brasil: A Conferência de Araraquara". Texto de importância histórica, descreve as preocupações que moviam o filósofo existencialista naquela época, com o testemunho de sua trajetória intelectual e ativista.
A palestra
A palestra proferida no dia 4 de setembro de 1960, na então Faculdade de Filosofia, hoje atual Casa da Cultura, na sala que posteriormente seria nomeada com o nome do filósofo, teve na plateia aproximadamente 100 pessoas, entre elas Ruth Cardoso, socióloga e ex-primeira-dama; Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente do Brasil; Bento Prado Jr., filósofo da USP; Jorge Nagle, ex-reitor da Unesp; Miriam Moreira Leite, educadora da USP; Dante Moreira Leite, psicólogo; Antonio Candido, professor aposentado de Teoria Literária da USP; Gilda Mello e Souza, ensaísta e professora de Estética da USP; Nilo Scalzo, jornalista; Michel Debrun, francês e professor-visitante da USP; José Celso Martinez Corrêa, dramaturgo e criador do Teatro Oficina; Dante Tringalli, professor aposentado de Latim da Unesp; José Aluysio Reis de Andrade, professor aposentado de Filosofia da Unesp; Jorge Amado; entre outras autoridades.
Nesse mesmo dia, Sartre e Simone tiveram um encontro com estudantes e trabalhadores rurais, no antigo Teatro Municipal da cidade de Araraquara.
Jean-Paul Sartre chegou ao Brasil em 15 de agosto de 1960, acompanhado da escritora Simone de Beauvoir, permanecendo até o dia 1 de novembro daquele ano. Visitou Recife, Bahia, Olinda, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Amazônia, São Paulo e Araraquara, demonstrando sua preocupação e solidariedade com a América Latina.
Veja a notícia da vinda de Jean-Paul Sartre ao Brasil, no jornal "O Estado de São Paulo". Clique aqui O Estado de S Paulo.
Dia Municipal de Sartre - 4 de setembro
Foi instituído o "Dia de Sartre no Município de Araraquara", através da Lei Municipal nº 5.673, de 30/08/2001.
Curiosidade histórica
No dia da visita de Sartre a Araraquara, acontecia um jogo das equipes Ferroviária e Santos pelo Campeonato Paulista. O rei Pelé em campo participava do jogo no qual a Ferroviária sagrou-se vencedora por 4 a 0. Conta-se que quando o filósofo Sartre viu as pessoas pelas vias da cidade em grande comemoração pensou que aquele tumulto todo se devia à sua presença.
www.youtube.com/watch?v=X1jfYu70q50&feature=youtu.be
Texto: Silvia Gustavo
Fontes:
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