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Pais desesperados solicitaram uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de Araraquara, vereador Aluisio Boi (MDB), para pedir ajuda e se agarrarem a um fio de esperança, segundo eles, pois se sentem impotentes e sem amparo na luta para salvar seus filhos e filhas na luta contra as drogas.
Uma mãe aos prantos e muito emocionada fez um relato do que sua filha e a família vêm enfrentando, desde que a moça foi cooptada e passou a viver somente para as drogas, vivendo pelas ruas, cada vez mais, e ali foi definhando. Uma história triste como a de milhares de outros brasileiros. “A população não imagina a calamidade que está espalhada nas ruas de nossa cidade, destruindo os nossos jovens. Minha menina está tão atormentada e dependente que surtou e foi para rua. Era uma verdadeira tortura. Imagina a minha dor em ver isso acontecer, sem saber se ela estaria viva dia após dia. Mas eu tinha que lutar por ela e fui buscá-la. Ela sofreu tanto, estava tão magra e surrada pela vida que estava implorando para ser internada, mas que fosse obrigada a ficar em uma casa de recuperação, já que não tinha forças para vencer sozinha a dependência e a vontade de usar drogas”, relatou a mãe.
Ela disse que foi à UPA para tentar uma internação compulsória, mas foi em vão, pois ficou horas esperando e nada. Tentou pela Defensoria Pública e também não obteve sucesso. A solução foi fazer a internação particularmente. “A pessoa fica totalmente transtornada e sem noção de nada. A família inteira sofre, pois são os envolvidos que estão mais próximos. Não sei como vou pagar pela internação, mas tinha que dar uma chance para minha filha viver. A cidade precisa ter uma instituição bancada pelo poder público para tratar aqueles que querem sair da droga, mas não têm condições financeiras. Araraquara precisa ter um local que receba esses seres humanos e os mantenha em tratamento”.
Para entender melhor a situação, Boi se reuniu com alguns pais e com uma das fundadoras da Fundação São Pio, Magda Regina Gomes Leite, que tem um longo histórico de atenção aos dependentes químicos em Araraquara, que expôs uma realidade que a cidade não conhece: a dureza das ruas.
Magda reiterou o que foi dito pela mãe e foi mais além, apontando, com toda sua experiência, que a situação está muito pior do que se imagina. As drogas estão dizimando os jovens e isso tem sido muito mais forte do que eles. “A droga é mais forte do que o limite deles. Na rua eles têm tudo o que querem: comida, roupas, bebidas e as drogas, que eles fazem de tudo para comprar. Por isso tanto roubo, tanto furto e prostituição. Eles se submetem a qualquer coisa, que a gente nem imagina, para consumirem o crack e a cocaína”, afirmou. Magda, que percorre os bairros da cidade e vê os jovens definhando, se acabando e, que de tanto sofrer, imploram para serem internados. “Eles suplicam para que eu consiga uma internação compulsória”, afirmou. Mas, segundo Magda, o tempo de internação deve ser de, no mínimo, de dois anos e não de poucos meses.
Ela se coloca à disposição para ajudar, e aponta que “Araraquara precisa ter um lugar subsidiado pelo poder público onde se faça a internação involuntária dos dependentes. Para isso, precisamos de médico, psicólogo, assistente social, remédios. Hoje, só temos clínicas particulares, para onde são encaminhadas algumas pessoas por ordem da justiça e bancadas pela Prefeitura”.
A realidade desenhada pelos pais de dependentes químicos e pela própria Magda mostra um cenário sombrio, porém, verdadeiro, e que requer urgência de tomada de medidas para dar alento e esperança a todos os envolvidos.
Outros pais presentes também contaram suas histórias de vida e todo o sofrimento que eles, filhos e filhas enfrentam por causa das drogas, que destroem vidas, sonhos e futuros. Eles pediram consternados para que Boi ajude nessa cruzada, para que Araraquara crie possibilidades de internação involuntária e dê esperança a quem não tem mais forças para sair do fundo do poço sozinho.
Boi ouviu atentamente cada colocação e se comprometeu a dar visibilidade a essa situação que assola as cidades do porte de Araraquara, mas que parece ser invisível. “Todos garantem que um trabalho de ressocialização seria mais eficaz, pois hoje o dependente químico sai das instituições na hora que quer. A droga é mais forte do que eles. Vamos abrir espaço na Tribuna Popular da Câmara para que a sociedade conheça, por meio de quem vive na pele, a realidade nua e crua das ruas”, afirmou o parlamentar, que vai levar a situação ao prefeito Edinho Silva, com as duas secretarias municipais que estão afetas ao assunto e envolver também o Poder Judiciário nas tratativas.
“É um desafio e temos que enfrentar. Precisamos saber o quanto a Prefeitura é obrigada a pagar para as clínicas particulares e talvez seja o mesmo custo de manter uma instituição pública. Isso seria um exemplo para outras cidades e a realização de um sonho para todos que trabalham com dependentes, pessoas que têm direito à vida”, finalizou Boi.
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