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Na quarta-feira (25), no Dia Municipal de Combate à Violência Contra a Mulher, instituído pela Lei nº 9.190/2018, a Escola do Legislativo (EL) da Câmara Municipal de Araraquara, em parceria com a TV Câmara, realizou a live “Violência contra mulher em tempos de pandemia”. Para discutir o assunto, foi convidada a secretária de Planejamento e Participação Popular, Amanda Vizoná. Ela é cientista social, doutora em Ciência Política e professora de Sociologia na rede estadual. Foi também coordenadora executiva de Políticas Públicas para Mulheres, no período entre 2017 e 2019.
De acordo com Amanda, mesmo diante de estratégias adotadas pelo Estado, como a possibilidade de boletim de ocorrência virtual e solicitação on-line de medida protetiva, a pandemia provocou o aumento da invisibilidade da violência, com a redução do número de notificações. “Muitas vezes, a violência está aliada ao cárcere privado, que é uma forma de o homem impedir que a mulher peça socorro. O isolamento social, necessário neste momento, acaba favorecendo o agressor”, aponta.
Em Araraquara, além da Delegacia da Mulher, o município dispõe do Centro de Referência da Mulher (CRM), um local de acolhimento, atendimento psicológico, orientação e encaminhamento jurídico a mulheres que sofrem todos os tipos de violência. Vale lembrar que a Lei Maria da Penha, em seu artigo 5º, classifica violência doméstica como “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”. “Não existe violência física, sem violência psicológica”, reforça Amanda.
E se alguém duvida que a violência doméstica atinge todas as classes sociais, Amanda é taxativa: “Não é o homem pobre que agride. Homem com recursos financeiros também agride”. O que muda, para ela, são os recursos à disposição dessa mulher para sair do ciclo da violência. “Uma mulher que tenha dependência econômica ou um subemprego, às vezes, terá menos acesso à informação e vai precisar do sistema público para acolhê-la”.
Para Amanda, serão necessárias gerações para recriar as estruturas mantidas por séculos por uma sociedade patriarcal, que gera prejuízos não apenas às mulheres, mas também aos homens, criados sob uma masculinidade tóxica que contribui, inclusive, para maiores taxas de homicídio e suicídio: “Precisamos urgentemente desconstruir estas infâncias. É possível exercer uma masculinidade saudável e também se tornar uma mulher sem estereótipos de gênero, sem ser submissa ou aceitar a violência como natural”.
E, afinal, em briga de marido e mulher se mete a colher? Para Amanda, a resposta é clara: “A violência contra a mulher é um problema de sociedade. Precisa meter a colher sim, para salvar vidas de mulheres”.
Serviço
Denuncie casos de violência pelos telefones: 180 (Central de Atendimento à Mulher) e 190 (Polícia Militar).
Caso você seja vítima de violência, pode buscar orientação e acolhimento no Centro de Referência da Mulher, telefone: (16) 99762-0697 (24 horas)
Acompanhe a íntegra da live aqui.
Publicado em: 25 de novembro de 2020
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Categoria: Escola do Legislativo
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