SIGA-NOS:


Acessibilidade   |   A+   |   Contraste

Notícias



Participação social e a ameaça à velha política



192


Gabriela Palombo*

 

A legitimidade das eleições não é capaz por si só de dar legitimidade contínua aos governos. Duas instituições estão fortemente em crise, os partidos e a ideia de governo de maioria. A sociedade civil traz para a política um sistema de representação de interesses que os partidos não são mais capazes de exercer devido a sua adaptação a um sistema privado de representação de interesses e financiamento com o qual a sociedade não se identifica. Exemplos sobre a incapacidade do Congresso Nacional de agir em defesa dos interesses do povo abundam no Brasil. Lembremos a incapacidade de votar a união homoafetiva, a ação afirmativa, de aprovar o Código Florestal, todas legislações com fortíssimo apoio na sociedade, mas que não conseguiram tramitar no Congresso devido a lobbies muito fortes. Em geral tem cabido ao Supremo preencher esta lacuna, mas o mais democrático e o mais adequado é um envolvimento maior da sociedade civil nestes temas por via de instituições híbridas que conectem o executivo e a sociedade civil ou a representação e a participação. Este modelo, que está longe de ser fascista, está presente nas principais democracias do mundo. Os Estados Unidos tem o modelo de participação da sociedade civil no meio ambiente por meio dos chamados “Habitat Conservation Plannings”. A França, nas políticas urbanas através de contratos de gestão nos chamados “Quartier Difficile”. A Espanha, no meio ambiente através de “juris cidadãos”. A Inglaterra instituiu mini-públicos com participação da sociedade civil para determinar prioridades políticas na área de saúde. As principais democracias do mundo procuram soluções para o problema da baixa capacidade do parlamento de aprovar políticas demandadas pela cidadania. A solução principal é o envolvimento da sociedade civil na determinação de políticas públicas. A justificativa é simples. Ninguém quer acabar com a representação, apenas corrigir as suas distorções temporais em uma sociedade na qual o nível de informação da cidadania aumentou fortemente com a internet e as redes sociais e na qual os cidadãos se posicionam em relação a políticas específicas. Ao introduzir uma participação menos partidária e com menor defesa de interesses privados na política tenta-se reconstituir mais fortemente este laço. Assim, o que o decreto 8243 faz não é mudar o sistema de governo no Brasil por decreto e nem instituir uma república fascista. O que ele faz é aprofundar a democracia da mesma maneira que as principais democracias do mundo o fazem, ao conectar mais fortemente sociedade civil e Estado.

 

* Vereadora e líder da bancada do PT na Câmara Municipal de Araraquara


Publicado em: 04 de julho de 2014

Cadastre-se e receba notícias em seu email

Categoria: Câmara

Comentários

Adicione seu comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.


Outras Notícias

Fique por dentro

Oficina de Circo no CEU

16 de maio de 2025

A Secretaria Municipal da Cultura e a Fundart estão com inscrições abertas para a Oficina de Circo no CEU das Artes, com aulas gratuitas e voltadas a crianças e jovens de 6 a 16 anos. As aulas acon...



Em Audiência Pública na Câmara, comerciantes defendem adequação no Plano Diretor

15 de maio de 2025

Empresários e representantes de associações e sindicatos ligados ao comércio de Araraquara defenderam, em Audiência Pública na Câmara, a atualização do Plano Diretor de Desenvolvimento e Política U...



Revisão de sinalização de trânsito em frente a escola é solicitada à Prefeitura

15 de maio de 2025

Após ser procurado por funcionários e outros frequentadores da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef.) “Professora Olga Ferreira Campos”, o vereador Coronel Prado (Novo) enviou a Indicação n...



Maio Laranja (15/05)

15 de maio de 2025

O Maio Laranja é uma campanha de conscientização que tem como objetivo dar visibilidade e combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. São ações que informam, mobili...



Câmara recebe justificativas sobre falta de medicamentos nas unidades de saúde

15 de maio de 2025

No início de abril, o vereador Emanoel Sponton (Progressistas) enviou o Requerimento nº 590/2025 à Prefeitura, solicitando informações sobre os motivos para a falta de medicamentos nas farmácias da...



Imposto de renda descomplicado: palestra na Câmara ajuda a entender tributo e declaração

14 de maio de 2025

   Na quarta-feira (14), vereadores, servidores da Câmara Municipal e estudantes do curso de Direito da Universidade de Araraquara (Uniara) se reuniram no Plenário para aprender mais sobre o impos...





Esse site armazena dados (como cookies), o que permite que determinadas funcionalidades (como análises e personalização) funcionem apropriadamente. Clique aqui e saiba mais!