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Acidentes envolvendo picadas de escorpião são comuns em Araraquara. O município registrou, somente nos cinco primeiros meses deste ano, 115 ocorrências relacionadas a esse animal peçonhento, sendo que, em 2023, foram contabilizados 299 casos. Para esclarecer a população sobre os cuidados necessários e propor medidas para enfrentar esse problema, uma Audiência Pública, ocorrida na manhã de sexta-feira (7), no Plenário da Câmara, foi proposta pelo vereador João Clemente (Progressistas). O evento foi transmitido ao vivo pela TV Câmara e pode ser assistido na íntegra, a qualquer momento, pelo Facebook e pelo YouTube.
“Recebo várias demandas no gabinete, sendo que uma delas me chamou a atenção porque uma pessoa chegou com três escorpiões dentro de um saco plástico e me perguntou o que fazer. Eu nem sabia como orientá-la adequadamente. Ao visitar bairros próximos de córregos, também recebi relatos de casos envolvendo escorpiões. A partir daí, fui me informar no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Araraquara e surgiu a ideia da audiência”, destacou o parlamentar.
Diálogo
A discussão teve desdobramentos importantes, segundo Clemente. “A partir do que foi explanado durante a audiência, temos que repassar esse conhecimento para além da Câmara, disponibilizando informação para a população. Precisamos conversar com as maiores secretarias do município, que são a de Educação e a de Saúde, para viabilizar esse conteúdo para escolas, postos de saúdes, Cras. Para além dos equipamentos públicos, torna-se necessário expandir o diálogo com quem está produzindo informação, para levar esclarecimentos às pessoas de como agir devem agir, caso encontrem escorpiões”, acrescentou o vereador.
Situações envolvendo escorpiões lideram as ocorrências registradas pela Gerência de Zoonoses e Sinantrópicos de Araraquara, que também recebe atendimentos englobando pombos, morcegos, cobras, entre outros.
Aumento de casos
“A ocorrência de aparecimento de escorpiões, principalmente da espécie Tityus serrulatus, conhecido como escorpião amarelo, é crescente em Araraquara, sendo que 80% dos atendimentos acontecem dentro das casas. A nossa equipe veio para passar um conhecimento mais técnico sobre a importância do controle e do manejo desse animal. A discussão proposta aqui serviu para tirar dúvidas, porque há a disseminação de muitas informações falsas sobre esse assunto”, justificou a gerente de Zoonoses e Sinantrópicos, Gislaine Cristina das Neves.
Ao contrário do que muita gente imagina, o escorpião encontrado nas residências não vem da casa vizinha nem do mato do terreno ao lado. De acordo com o agente de Combate a Endemias, Marcelo dos Santos Roldan, eles chegam por meio de galerias subterrâneas, esgoto e drenagem de água de chuva, acessando as casas por tubulações. “Esses ambientes são bastantes favoráveis aos escorpiões porque são quentes, escuros e muitas vezes úmidos, não havendo predador. Normalmente, os escorpiões aparecem em banheiros, cozinhas e áreas de lavanderia. No quintal, é comum surgirem perto de caixas de esgoto e ralos não vedados corretamente”.
Orientações corretas
Para desmistificar o assunto, ele enfatizou que é contraindicado o controle químico do escorpião, uma vez que o animal consegue se proteger, fechando seus pulmões por algum tempo. “O Código Sanitário do Estado de São Paulo faz uma contraindicação sobre o uso do controle químico ou dedetização. A melhor maneira de se proteger do aparecimento de escorpião dentro de casa e estabelecimentos comerciais é fazer um manejo ambiental, realizando vedações corretas. O sifão, por exemplo, com dispositivo em forma de “U” é melhor que o formato em “L”. O sifão bem encaixado no ralo realiza melhor a vedação. Hoje, a orientação é para o uso do ralo antiespuma ou a peneira para ralo, que evitam que o escorpião saia da caixa do ralo para a casa das pessoas”, orienta Roldan.
Cuidados outros, como manter jardins e quintais limpos, utilizar soleiras nas portas e telas nas janelas, e deixar lixo bem vedado, podem minimizar o problema, segundo o agente de Combate a Endemias.
Já o biólogo e técnico de enfermagem da Prefeitura e do Centrap Araraquara, Israel Aparecido Joaquim, alertou a população sobre os cuidados em caso de picada de escorpião, principalmente quando se trata de crianças. “A recomendação em caso de picada é ir imediatamente ao serviço de saúde mais próximo, no caso de Araraquara, na Upa Central, que fica na Avenida Maria Antônia Camargo de Oliveira, 3.821”.
Os profissionais participantes do evento enfatizaram a relevância de tirar uma foto para identificar a espécie de escorpião ou mesmo capturar o bicho vivo, dentro de um pote de plástico ou de vidro, mantendo-o dentro do recipiente com um algodão molhado. Ao mesmo tempo, orientam a não deixar o bicho acondicionado em pote contendo de água, álcool ou qualquer outra substância. Na sequência, acione a equipe de Zoonoses e Fauna Sinantrópica pelo telefone (16) 3331-3820.
Sobre Tityus serrulatus
Apesar dessa espécie de aracnídeo ser tratada como escorpião, só existem fêmeas e ela reproduzem pelo processo de partenogênese, não havendo fecundação. Elas vivem até oito anos, reproduzindo de três a quatro vezes por ano. Cada gestação dura em média 45 dias, nascendo de 15 a 30 escorpiões. Os filhotes são idênticos à mãe e, após 6 meses, já estão aptos a se reproduzirem. O animal tem oito orifícios na parte anterior do corpo que são os pulmões. O bicho consegue fechar esses pulmões por algum tempo, se protegendo de ataques químicos. O seu esqueleto é de queratina, sendo situado por fora do corpo.
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