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Um relatório solicitando que a Festa Baile do Carmo seja reconhecida como patrimônio cultural imaterial de Araraquara foi entregue pela Câmara Municipal ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Paleontológico, Etnográfico, Arquivístico, Bibliográfico, Artístico, Paisagístico, Cultural e Ambiental do Município de Araraquara (Compphara) na terça-feira (29).
Com 27 páginas descrevendo a história do Baile do Carmo e sua importância para a cultura do município, sobretudo para a comunidade negra, o documento é de autoria dos 18 vereadores e de representantes da sociedade civil — Claudio Claudino, Alessandra Laurindo, Daniel Amadeu Martins Filho (Costa) e a Associação para a Preservação, Resistência e Resgate da Cultura Afro-Brasileira de Araraquara (ONG Apprecaba).
A pesquisa histórica é da vereadora Fabi Virgílio (PT), com colaboração da jornalista Fernanda Miranda e consultoria da pesquisadora Valquíria Tenório, de Claudio Claudino e de Alessandra Laurindo.
O presidente do Compphara, Joel Venceslau de Oliveira Júnior, recebeu o documento e explicou que o conselho fará a análise de todo o material. A decisão dos conselheiros deve ser concluída em cerca de dois meses.
A Festa Baile do Carmo é um evento de repercussão nacional, realizado em Araraquara no mês de julho há 135 anos, segundo estimativas. É uma festa do povo negro reconhecida e aguardada por comunidades negras de todo o Brasil, que visitam a cidade para participar dos quatro dias do evento — especialmente do Baile de Gala, que encerra a programação.
Segundo a tradição oral de Araraquara, Nossa Senhora do Carmo fez uma aparição ao negro escravizado Damião e clamou a ele para que se movimentasse e impedisse que o seu povo fosse consumido pelo banzo (sentimento de melancolia dos africanos escravizados). Ele começou a organizar os Batuques de Damião, que seriam localizados no bairro de São José. Essa teria sido a origem do Baile do Carmo.
Toda a história de Damião de Souza é contada no relatório, que pode ser lido no site da Câmara Municipal. O trabalho de pesquisa encontrou sua certidão de óbito, seu túmulo no Cemitério São Bento, além de crônicas e quadros em que ele é retratado. Os documentos comprovam o que já era relatado na história oral.
Marco histórico
Para Fabi Virgílio, a pesquisa, elaboração e entrega do relatório fazem parte de um momento histórico para Araraquara. “Todo mundo sempre imaginou que o Baile do Carmo fosse um patrimônio imaterial reconhecido pelos órgãos do município. Aí, a gente ficou surpresa [ao descobrir que não era]. A gente conseguiu fazer uma cronologia do que originou o Baile do Carmo, que foram os Batuques de Damião. A gente está dando um marco na história da cidade”, afirmou Fabi no ato de entrega do relatório ao Compphara.
João Clemente (PSDB), presidente da Frente Parlamentar Antirracista, destacou a importância do relatório. “A oralidade não precisa ser comprovada por nós. Ela tem força por si só. Mas esse ato de hoje, quando a gente pode comprovar e dar legitimidade, torna o Damião um precursor de forma inimaginável. Nós vamos ter que providenciar busto, praça, rua. Um trabalho hercúleo para contar a história desse grande homem”, relatou.
Para a coordenadora municipal de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo, foram “quase 20 anos contando uma história na qual as pessoas não acreditavam”. “Este é um momento muito importante e muito especial, principalmente por valorizar essa história verdadeira”, afirmou.
A professora doutora e socióloga Valquíria Tenório, autora da tese de doutorado “Baile do Carmo: Festa, Movimento Negro e Política das Identidades Negras em Araraquara-SP”, disse ser um privilégio estar presente nesse momento histórico e ter contribuído como consultora para o relatório.
O vice-presidente da Comissão de Combate à Discriminação Racial da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Araraquara, Claudio Claudino, agradeceu à vereadora Fabi e a todos os responsáveis pela pesquisa e pela elaboração do documento.
O presidente da ONG Apprecaba e do Baile do Carmo, Daniel Amadeu Martins Filho, o Costa, também participou da entrega do relatório. Costa trabalha no evento há 52 anos, sendo 35 deles como organizador, e descreveu dificuldades e desafios para a realização do evento ao longo dos anos, como o enfrentamento ao racismo.
O ato ainda teve presença do servidor público municipal Cleomenes Alves de Campos Júnior, que foi localizado durante a pesquisa e é bisneto de Damião de Souza. “É uma história importante para a cidade e para a minha família também. É um reconhecimento muito importante dos Batuques de Damião como originadores do Baile do Carmo”, declarou.
Além das autoridades já mencionadas, também estiveram o presidente da Câmara Municipal, Paulo Landim (PT), o vice-presidente, Aluisio Boi (MDB), a vereadora Luna Meyer (PDT) e os vereadores Alcindo Sabino (PT), Carlão do Joia (Patriota), Edson Hel (Cidadania), Emanoel Sponton (Progressistas), Gerson da Farmácia (MDB), Guilherme Bianco (PCdoB), Hugo Adorno (Republicanos), Lineu Carlos de Assis (Podemos), Lucas Grecco (União Brasil), Marchese da Rádio (Patriota) e Marcos Garrido (Patriota); a gerente municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Alessandra de Lima; e a jornalista e assessora parlamentar Fernanda Miranda.
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