Na noite da segunda-feira (15), a Câmara realizou audiência pública para discutir o projeto que institui a plataforma “Juntos Contra a Fome”. A vereadora e vice-presidenta da Câmara, Thainara Faria (PT), foi a responsável por convocar e mediar o debate. “Nosso gabinete foi procurado pelo Executivo para que esse projeto fosse discutido com todos os envolvidos antes de ser finalizado e encaminhado para votação em Plenário”, pontuou a parlamentar.
Conduzido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, o projeto tem como objetivo instituir uma base de dados central de entrega de cestas básicas de modo a garantir a segurança alimentar e suprir as necessidades das famílias em vulnerabilidade social.
Na contramão do país
De acordo com dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, em junho deste ano, mais de 33 milhões de pessoas passavam fome no Brasil.
A secretária Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, Jacqueline Barbosa, reforça que Araraquara está na contramão desse cenário. A estimativa é que 6 mil pessoas sejam atendidas pelo banco de alimentos. São 12 toneladas de comida distribuídas a 64 instituições. Porém, de acordo com a chefe da pasta, é ainda necessário fazer mais para que as pessoas vivam de forma digna.
“Essa é mais uma política pública de segurança alimentar, uma ação coletiva entre sociedade civil, grupos solidários e assistência social. A plataforma tem como objetivo organizar mais para que a rede de combate à fome na cidade tenha uma maior cobertura de atendimento”, explicou.
Cruzamento de dados
A plataforma visa a resolver uma grande dificuldade: cruzar dados e informações dos beneficiários atendidos pelas entidades, pelo fundo social e pela Prefeitura, de modo a evitar a entrega redundante das cestas. “Durante a pandemia, quando a miséria bateu mais forte na população, nós percebemos que, ainda que as entidades e o Governo não tenham medido esforços para atender às pessoas, algumas famílias não receberam alimentos, enquanto outras foram atendidas mais de uma vez”, detalhou a presidenta do Fundo Social de Solidariedade, Cidinha Silva.
Thainara enxerga também a plataforma como uma oportunidade de mudança de cultura. “Precisamos fortalecer o desenvolvimento social como porta de saída para que as famílias tenham autonomia de escolher seus alimentos. Enquanto isso não acontece, a plataforma ajudará cidadãos, prefeitura e entidades a prestar o melhor serviço de assistência social”, justificou.
Para o presidente da Associação Morada de Luz, Carlos Henrique Aiello, que esteve na mesa de debate representando as entidades de Araraquara, a materialização da plataforma é a realização de um sonho. “A fila de pessoas em insegurança alimentar sempre aumentou em um país que é marcado pela desigualdade social. Por outro lado, é impressionante o fortalecimento que o Município tem com as entidades, e a plataforma vem ao encontro disso”, frisou.
Como funcionará a plataforma?
No Plenário da Câmara, representantes de diversas entidades puderam tirar as dúvidas sobre o funcionamento do projeto. A coordenadora de Segurança Alimentar, Silvani Silva, explicou que o programa é mais simples do que parece, e pode ser acessado até mesmo pelo celular.
As entidades serão orientadas para usar o sistema e em uma página especifica deverão fazer o cadastro da instituição, do beneficiário, bem como inserir os dados do usuário que operacionalizará as informações.
Sempre que o beneficiário for solicitar a cesta básica, a plataforma permitirá a consulta das datas das doações já entregues. “Se aparecer verde, é porque a pessoa está apta a retirar o alimento. Se aparecer vermelho, não significa recusa da doação, mas sim a necessidade de uma avaliação mais aprofundada. Será preciso entender o que está acontecendo com aquela família para haver a necessidade de retirada de mais de uma cesta em um período menor de tempo”, explicou.
Por fim, Silvani enfatizou a importância da integração de todos os envolvidos na ação de combate à fome. “O nosso grande desafio é todo mundo se integrar no programa “Juntos Contra a Fome”. O melhor dos sistemas não teria eficiência se não inserirmos os dados. Na medida em que forem surgindo os problemas, nós vamos criando as soluções. ”
Finalizadas as discussões, a expectativa é que o projeto entre para a votação na Sessão Extraordinária da terça-feira (16).
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