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A campanha “Outubro Rosa”, mês de conscientização sobre o câncer de mama, foi aberta na tarde de segunda-feira (2) com uma palestra no Plenário da Câmara Municipal. O evento foi organizado pelo vereador Gerson da Farmácia (MDB), autor da lei que inclui o “Outubro Rosa” no Calendário Oficial de Eventos em Araraquara, e contou com a presença do vereador João Clemente (PSDB).
Transmitida ao vivo pela TV Câmara, a palestra teve apresentações do médico e mastologista Welington Lombardi, especialista em oncologia ginecológica; do cirurgião-dentista Joelson Venâncio de Oliveira, especialista em endodontia (tratamento de canal); e da psicóloga Lilliane Zanin.
Gerson destacou a importância da realização do evento para levar informações à sociedade. “É muito mais fácil cuidar com o diagnóstico precoce. É preciso mais palestras, mais conhecimento, mais falas sobre o tema”, disse o parlamentar, que é presidente da Comissão de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social.
A palestra foi iniciada com o médico Welington Lombardi, do Ambulatório de Saúde da Mulher de Araraquara. Ele destacou que o câncer de mama é o segundo mais comum entre as mulheres no Brasil, perdendo apenas para o câncer de pele. São 73.610 casos novos por ano no país e 18.032 novos óbitos, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Em Araraquara, nos últimos dez anos, são cerca de 80 casos novos por ano, em média, segundo estatísticas apresentadas pelo médico. Até o último dia 26 de setembro, foram 66 pacientes diagnosticados neste ano. Outros 88 casos foram registrados em 2022.
O município realizou 10.808 exames de mamografia durante o ano passado. Em relação a cirurgias relacionadas ao câncer de mama, a média é de 15 a 20 procedimentos mensais.
O especialista relatou que o câncer de mama pode ocorrer por inúmeros fatores, como exposição à radiação ionizante, raios solares UVA e UVB, oncogenes (genes relacionados com aparecimento e crescimento de tumores), ação de algumas substâncias, entre outros. Mas existem outros fatores de risco.
O câncer de mama é muito mais frequente em mulheres: para cada 135 casos em pacientes do sexo feminino, um homem é diagnosticado. Quanto maior a idade, maior o risco. O médico também alertou que mulheres que menstruaram muito cedo (antes dos 12 anos) ou que tiveram a menopausa tardia (após os 55 anos) também são mais propensas à doença. Bebidas alcoólicas, cigarro, histórico familiar, falta de atividade física e obesidade são outros fatores.
Lombardi destacou que o autoexame nas mamas é um método importante para a mulher conhecer melhor o próprio corpo, mas não substitui a mamografia. “É importante a gente falar do autoexame não como teoricamente uma prevenção, mas para a mulher se conhecer. De cada dez [mulheres] a quem pergunto na mesa de exame, nove dizem que não se tocam. Temos que estimular que as mulheres conheçam seus corpos”, disse. O médico destacou que o nódulo passa a ser palpável acima de 1 centímetro. “Se a mulher apalpa um nódulo, já perdeu a fase de prevenção. Se o nódulo está aí, já está presente há seis ou oito anos”, afirmou.
O especialista ainda fez um alerta para que o primeiro exame de mamografia seja realizado aos 40 anos de idade e seja repetido anualmente. Um estudo mostrou que 41,1% das mulheres com câncer de mama têm menos de 50 anos. Em caso de diagnóstico da doença, o tratamento inclui cirurgia, radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia.
Apoio emocional
Lilliane Zanin fez uma reflexão sobre a saúde mental das pessoas que são diagnosticadas com o câncer de mama. O profissional da psicologia oferece assistência ao paciente, aos familiares e aos profissionais de saúde envolvidos com a prevenção, o tratamento, a reabilitação e a fase terminal da doença.
A psicóloga destacou que o diagnóstico do câncer ainda traz a ideia de morte e geralmente tem um efeito devastador, embora ocorram muitos casos de cura. Isso leva o paciente a um desequilíbrio emocional, com sintomas de ansiedade e depressão, além de mudança de comportamentos, como a irritação e a revolta.
“A primeira questão é o medo. Medo de morrer, que é algo tão difícil e ninguém sabe muito sobre. A gente fala sobre luto, mas a gente vivencia vários lutos na vida, tem vários encerramentos de ciclos. Antigamente, falava-se sobre câncer e, automaticamente, vinha à cabeça da pessoa que ela iria morrer. Não tinha tantos recursos. E hoje já não é mais assim. Nosso papel é motivar o paciente a buscar a cura e a resiliência perante tudo isso”, afirmou Lilliane.
Saúde bucal
Joelson Venâncio de Oliveira trouxe uma relação entre o câncer e a saúde bucal: todo paciente oncológico precisa ser acompanhado por um cirurgião-dentista. Se possível, as consultas devem ser iniciadas antes do início do tratamento quimioterápico e radiológico.
As manifestações bucais mais comuns durante o tratamento de câncer são mucosite (inflamação na parte interna da boca), cárie, perda do paladar, infecções fúngicas e virais, trismo (dificuldade de abrir a boca), xerostomia (diminuição ou ausência de saliva) e alterações no periodonto (tecidos que revestem o dente).
“No caso de uma mucosite oral, são feridas extremamente dolorosas. O paciente passou por um processo de químio e radioterapia e está debilitado. São feridas que vão dificultar o paciente na alimentação, na higiene oral. O dentista entende essas manifestações e vai tratar o paciente”, disse o cirurgião-dentista.
A íntegra do evento ainda pode ser assistida pelo Facebook e pelo YouTube.
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