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Pesquisa recente apresentada em conferência sobre Mobilidade Urbana Saudável, promovida pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados, em conjunto com a Universidade de Brasília (UnB), mostrou o quanto a mobilidade urbana influencia a qualidade de vida da população. E a preocupação com a questão foi tema de reunião realizada na tarde da segunda-feira (24) no Plenarinho da Câmara Municipal de Araraquara.
Os professores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Edson Melanda e Thais Guerreiro, acompanhados pelo coordenador de Mobilidade Urbana do município, Nilson Carneiro, apresentaram o estudo que será realizado na cidade, com duração prevista de 14 meses. “Já iniciamos o projeto no começo de junho e deverá ser finalizado até agosto de 2020”, explicaram aos vereadores presentes. Segundo Melanda, “o objetivo é dar um horizonte, entender o que deve ser feito do trânsito e no transporte para os próximos anos, dentro das diretrizes da cidade. Faremos um diagnóstico e um prognóstico para que possamos antever os problemas, sempre alinhados com o Plano Diretor”. “Precisamos mapear tudo para entender como a cidade está hoje”, completou Thais. Carneiro também levantou a questão dos fretamentos, principalmente das universidades. Os professores informaram que será realizada uma pesquisa de campo e serão utilizados os dados das empresas.
Fases
Conforme apresentado pelos professores, o estudo envolverá as etapas de diagnóstico e prognóstico da mobilidade. Com o objetivo de identificar os problemas de mobilidade que ocorrem na cidade, o diagnóstico compreende coleta, sistematização e análise de dados dos sistemas de mobilidade urbana; informações relevantes sobre o contexto e a evolução socioeconômica da cidade; e legislação pertinente. Já o prognóstico, que tem o objetivo de prever as consequências de possíveis alternativas de gestão da mobilidade, é realizado com base nos dados obtidos por meio do diagnóstico, usando diferentes metodologias (como modelagens de transporte), e projeta, para o futuro (10 ou 20 anos), o comportamento dos sistemas de mobilidade. “Analisamos a demanda, a necessidade de transporte, além dos níveis de acessibilidade – acesso aos bairros periféricos, acesso às áreas centrais, integração modal e restrições de acesso”, destacou Melanda. A professora detalhou que será feito um “raio x de como as pessoas se deslocam na cidade e as condições dos percursos”. Thais apresentou as recomendações de temas do Ministério das Cidades para municípios do porte de Araraquara (100 a 250 mil habitantes): acessibilidade, transporte coletivo e escolar na área rural; organização da circulação em áreas centrais e polos locais; classificação e hierarquização do sistema viário; implantação e qualificação de calçadas; criação de condições adequadas para circulação de bicicletas; e sistemática para avaliação permanente da qualidade.
Bicicletas: de lazer a alternativa de mobilidade
Melanda enfatizou a importância de uma rede de ciclovias. “As bicicletas passaram a ser vistas não mais como lazer e, sim, como forma de transporte. Hoje temos as empresas de bicicletas compartilhadas.” O professor mostrou as alternativas: ciclofaixa, ciclovia, ciclorrota e calçada compartilhada. Sobre a última, lembrou que, pela legislação, não é permitido andar de bicicleta na calçada.
Audiências públicas
O professor pontuou, ainda, que, ao longo do estudo, serão realizadas pelo menos duas audiências públicas, para que os munícipes possam participar do processo, inclusive com sugestões. “É necessário conscientizar a população sobre a pesquisa e a importância de responder aos questionamentos. As pesquisas acontecerão até o mês de outubro. A ideia é realizar a primeira audiência em outubro, para apresentarmos o resultado da pesquisa, e a segunda, com as soluções, entre fevereiro e março de 2020.” Uma audiência final seria marcada em meados do próximo ano.
Integração
O vereador Elias Chediek (MDB) aproveitou a reunião para apresentar o trabalho que tem sido realizado pela Comissão Especial de Estudos (CEE) “Parque dos Trilhos”. “Constatamos que a cidade é carente na integração dos bairros, e já definimos onde seriam essas ligações. Temos a ideia do VLT [Veículo Leve sobre Trilhos], e a ferrovia seria a espinha dorsal desse sistema integrado com os ônibus. Independentemente do VLT, essas ligações podem ser feitas e implantadas gradativamente.” Melanda entendeu que esses dados podem ser incorporados ao novo estudo. “Em muitas cidades, vimos que as ferrovias se tornaram um impedimento. Elas se encontram degradadas, dificultando a circulação. E são locais que podem ser utilizados, aproveitando a estrutura já existente para facilitar o fluxo”, finalizou.
Também participaram do encontro o presidente da Casa de Leis, Tenente Santana (MDB), e os vereadores Cabo Magal Verri (MDB), Jéferson Yashuda (PSDB), José Carlos Porsani (PSDB), Lucas Grecco (PSB), Paulo Landim (PT), Rafael de Angeli (PSDB), Roger Mendes (Progressistas) e Thainara Faria (PT).
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